Em “Avenida Brasil”, a golpista Carminha faz a erudita Nina limpar o chão da cozinha de sua mansão
Em menos de três semanas no ar, a novela “Avenida Brasil” já mostra um bom potencial para servir de alegoria ao Brasil atual, em que a cultura vale menos do que a ascensão econômica e consumista.
A família do craque Tufão (Murilo Benício), símbolo inconteste da classe C agora no topo, dá provas repetidas de despreparo intelectual em sua mansão no bairro do Divino – um surreal palacete incrustado no meio da periferia carioca. O cunhado acha que Maria Antonieta foi rainha da Inglaterra; para a cunhada, música clássica é Roberto Carlos.
Verônica (Débora Bloch), a madame da zona Sul carioca, despreza a “gentalha”, mas o marido devolve: “E você, quantas línguas fala, por acaso? Quantos livros lê por mês?”. A elite se incomoda, mas não tem muito o que oferecer no lugar.
A única personagem culta é justamente a cozinheira da família, Nina (Débora Falabella) – que, por perversa ironia, cresceu bem longe daqui, na Argentina, país que (ao menos no nosso imaginário) dá mais valor à cultura. Ela é a mocinha da novela, e por isso devemos torcer para que a sua cultura vença a ignorância e a maldade da patroa (Adriana Esteves), que a prejudicou no passado e que toma vinho em taça de martini.
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