Programada para ir ao ar na segunda-feira, 16, “Cheias de Charme” já provoca protestos por causa de chamadas veiculadas pela Globo, nas quais as protagonistas, três empregadas, são chamadas de “secretárias do lar”.
“Observamos haver um grande e lamentável equívoco ao intitular as profissionais domésticas de ‘secretárias do lar’”, protesta a Federação Nacional das Secretárias e Secretários (Fenassec), em carta enviada à Globo no último dia 11. “Profissão que não existe”, diz o texto.
A carta enviada à Globo é assinada por Maria Bernadete Lieuthier, presidente da Fenassec, e dá uma aula sobre as diferenças entre secretárias e empregadas. Para concluir: “Portanto, visível está, sem nenhum preconceito da nossa parte, que a área de atuação dos empregados domésticos é completamente diferente da área de atuação dos profissionais secretários.”
Em emails enviados a diferentes listas, incluindo cursos de secretariado e associações, solicita-se aos profissionais e estudantes da área que pressionem a Globo para não chamar as protagonistas de “Cheias de Charme” de “secretárias do lar”.
“Salientamos que a manifestação individual de cada profissional que representamos é importante para demonstrar a emissora a união e força da categoria, que incansavelmente luta pelo reconhecimento, valorização e consolidação da profissão.”
Globo acata parcialmente o pedido
Em resposta, a Globo informa que o termo “secretária do lar” não será mais usado nas chamdas da novela ou nos textos enviados pela assessoria de imprensa da emissora. “No que se refere à comunicação oficial sobre a nova novela as nossas equipes acabam de receber instrução para que adotem a designação formal da profissão das personagens.”
Luis Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação, não se compromete, porém, a evitar o uso do termo “secretárias do lar” na novela ou em outras obras da emissora: “Cabe a ressalva que, no campo da ficção – o universo das novelas – não há compromisso algum com a realidade, preservados os valores éticos e morais. É o terreno da liberdade de expressão, amplamente protegida a partir da nossa Constituição. ”
Erlanger respondeu ainda a Maria Bernadete Lieuthier: “Mesmo com o esclarecimento de que não há preconceito de sua parte, não custa observar que ao usar ‘secretárias do lar’ os autores não pretendem desmerecer as funções de secretariado mas usar esse respeitável ofício como forma de enaltecer um trabalho pouco valorizado. Muito mal comparando é como chamar ‘árbitro de futebol’ de ‘juiz’ ou ‘técnico de futebol’ de ‘professor’.”
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