A sociedade entre a Globo e a TV Azteca parece enredo de amor mal resolvido em novela mexicana.
Desde o início do ano, a emissora brasileira corteja a mexicana com um vistoso buquê: “Rainha da Sucata”, sucesso de 1990 de Silvio de Abreu. O flerte, porém, ainda não foi suficiente para que as duas fechassem negócio para a coprodução de um remake hispânico.
“É um namoro antigo”, disse Raphael Côrrea Netto, diretor de vendas internacionais da Globo, durante a festa de abertura dos novos estúdios da Azteca na Cidade do México, no início do mês.
Tentando desatar o nó, os canais estabeleceram o prazo de um mês para decidir se assinam um novo contrato.
Se tudo correr como esperado, “La Reina de la Chatarra” começa a ser produzida ainda no segundo semestre deste ano para estrear em 2013.
O maior empecilho para um final feliz é o receio de Globo e Azteca de que o fruto do relacionamento não seja bem recebido pelo público mexicano -o que já aconteceu antes.
O único projeto desenvolvido em conjunto até aqui pelos canais foi “Entre el Amor y el Deseo”. A novela, exibida no México em 2010, é uma adaptação de “Louco Amor” (1983), de Gilberto Braga. O público de lá, porém, não gostou do resultado. “A audiência foi um problema”, reconhece Alberto Santini, diretor do núcleo de telenovelas da Azteca.
A Globo também esperava mais. “A novela não foi líder. Teve uma boa média, mas não encantou como esperávamos”, diz Ricardo Scalamandré, diretor da Central Globo de Negócios Internacionais.
Santini e Scalamandré concordam que o calcanhar de Aquiles foi a alquimia entre a trama brasileira e a roupagem mexicana.
“Mexemos demais na estrutura para agradar e acabamos criando um ‘Frankenstein’. Não resultou nem numa novela com DNA da Globo, nem numa novela mexicana. Ficou no meio do caminho”, avalia Scalamandré.
Segundo o executivo, a Globo vê nas coproduções uma forma de reconquistar um status perdido no mercado internacional de dramaturgia. “Vendemos mais novelas do que antes, mas nossas produções não estão mais no horário nobre lá fora. Por isso, as parcerias são um caminho que nos interessa.”
PROJAC MEXICANO
“Com certeza, eu gostaria que a primeira coprodução da Azteca gravada aqui fosse com a Globo”, disse à Folha Ricardo Salinas, dono da Azteca. Ele vende seu complexo dramatúrgico, erguido a um custo de US$ 30 milhões (R$ 60,8 mi) durante dois anos e meio, como o maior da América Latina.
Quando questionado, porém, se os estúdios da Azteca são maiores do que os do Projac -centro de produção da Globo, na zona oeste do Rio, o mexicano sorriu e desconversou: “Os estúdios da Globo são muito importantes”.
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