quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Sucesso, ousadia, fracasso e repetição fazem de 2012 o ano das novelas

Por onde quer que se olhe, 2012 foi o ano das novelas na TV brasileira. Às vésperas do aniversário de 50 anos de “2-5499 Ocupado”, a primeira telenovela exibida de forma diária no país, o gênero segue se reinventando, dando mostras de vitalidade e sinalizando que ainda possui um enorme campo a explorar.
Entre grandes sucessos, algumas decepções e outros tantos fracassos, 2012 foi um ano especial por lembrar que a telenovela pode mudar e se arriscar por novos caminhos, sem perder a sua essência.
Quatro novelas, em especial, serão lembradas. “Avenida Brasil” teve tantos méritos que recolocou uma trama na “boca do povo” como há anos não ocorria. “Cheias de Charme” mostrou um caminho para o gênero na era da comunicação multimídia. “Máscaras”, encurtada por conta da rejeição do público, deixou a lição de que há limites a respeitar em um terreno tão tradicional. E “Carrossel”, por fim, ensinou que uma parcela significativa do público ainda espera mais do mesmo.
O ano também foi importante por mostrar que há uma nova geração de autores com talento e capacidade de manter o gênero vivo. Além de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, responsáveis por “Cheias de Charme”, a Globo também promoveu a estreia de João Ximenes Braga e Claudia Lage, que assinam em dupla “Lado a Lado”.
Entre os pontos positivos de 2012, destacaria ainda “Rei Davi”, minissérie em 30 capítulos exibida pela Record, que consolida a experiência da emissora em séries de sabor bíblico.
Abaixo um Top 10 da dramaturgia na televisão em 2012
Divulgação/Montagem
Avenida Brasil: João Emanuel Carneiro seduziu o público com uma história               clássica de vingança, uma vilã carismática (Carminha, vivida por Adriana Esteves), direção ágil, texto afiado, ritmo de seriado e ótimo elenco. Foi o maior sucesso do ano, ainda que a audiência tenha sido quase idêntica à da novela anterior (“Fina Estampa”, de Aguinaldo Silva).
Cheias de Charme: Comédia em ritmo de fantasia, com a melhor vilã dos últimos tempos, a cantora brega Chayene (Claudia Abreu), a novela enfrentou de forma inteligente e divertida um tema espinhoso, o conflito entre patroas e empregadas domésticas. Também foi hábil em misturar música e internet com televisão.
Carrossel: Com esta novela simples, muitas vezes primária, protagonizada por crianças para crianças, o SBT provocou pequena revolução na guerra pela audiência. A mensagem é clara: há não apenas público, mas mercado interessado num tipo de programação mais simples, sem o mesmo acabamento oferecido pela concorrência.
Máscaras: Principal aposta da Record em matéria de teledramaturgia, a novela de Lauro Cesar Muniz não agradou ao público. Trama policial intrincada, com toques políticos, a novela enfrentou mudanças de horário, troca de direção e, por fim, teve seu final antecipado em três meses.
Gabriela e Guerra dos Sexos: A Globo fez duas apostas em “remakes” em 2012, ambas decepcionantes. No horário das 23h, coube a Walcyr Carrasco a tarefa de reviver a história de Jorge Amado, sem conseguir empolgar. No horário das 19h, Silvio de Abreu reescreveu a própria comédia, o que resultou numa piada sem graça.
Amor Eterno Amor: Não é a primeira vez que Elizabeth Jhin escreve uma novela inspirada em temas místicos e religiosos. Mas esta novela das 18h da Globo foi talvez a que mais misturou e fez propaganda de assuntos ligados à fé.
Rei Davi: Terceira minissérie bíblica da Record, depois de “A História de Ester” e “Sansão e Dalila”, superou as expectativas em matéria de audiência misturando lições religiosas com requintes de superprodução. O sucesso assegurou a encomenda, para 2013, de “José – De escravo a governador”
Salve Jorge: Com a difícil tarefa de suceder “Avenida Brasil”, a trama de Gloria Perez propõe, como outras novelas da autora, uma viagem a mundos exóticos (no caso a Turquia) e a discussão de temas de interesse jornalístico, como o tráfico internacional de crianças. A sua luta por audiência será o tema nestes próximos meses.
Lado a Lado: Ambientada nos primeiros anos do século 20, a atual novela das 18h da Globo é uma jóia rara. O pano de fundo histórico serve para apresentar a luta por liberdade de alguns personagens em um ambiente conservador, em que as aparências são mais importantes do que os sentimentos.
Malhação: A novela adolescente da Globo passou por uma recauchutagem e voltou, em sua nova temporada, ao seu eixo tradicional, temperando os namoros e dramas dos jovens com praia, sol, malandragem, rock’n'roll e aquela cara de zona sul do Rio.
UOL

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